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Um simples Abraço

  • Foto do escritor: Lilix
    Lilix
  • 17 de nov. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 19 de nov. de 2024

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Desde sua chegada ao mundo, ele enfrentou adversidades em diversos sentidos de seu inicio de vida. Pouco compreendia sobre os outros e os outros também não demonstravam nenhum interesse em compreendê-lo.

 

Por mais que eu tentasse alertar seus país para que lhe dessem uma melhor atenção, não obtive êxito. Em função disso, seu crescimento se deu de forma irregular e com pouquíssimo apoio familiar.

 

Não pelo vínculo, mas por genuíno interesse, fui me aproximando dele, procurando estar ao máximo possível presente no seu desenvolvimento infantil, ora em minha casa, ora no dos pais dele, o que produzia um bom resultado no seu estado.

 

A socialização para a maioria é algo fácil e absolutamente natural, mas não era para ele que encontrava todas as dificuldades do mundo na aproximação, tão necessária nas fases da vida, principalmente, na infância.

 

Como não havia nenhum esforço da maioria para gostar dele, ele também não encontrava razão alguma para retribuir de outra forma que não fosse pelo distanciamento.

 

Todas as manhãs eu levava uma bolsa de brinquedos para interagir com ele num jardim, porque no playground ou na pracinha, não dava para levá-lo, já que ele machucava outras crianças, batia e chutava os maiores.

 

Eu levava lanche e permanecia com ele até umas 11 horas e assim com apenas nos dois, tudo corria sempre com total tranquilidade.

 

Posteriormente, começou vir no mesmo horário, um rapaz pra cuidar do jardim, ele cuidava do gramado, varria calçadas, cuidava das flores, tinha um grande trabalho devido ao local ser enorme.

 

Logo percebi que ele tratava bem o menino e o menino visivelmente, gostava dele. Eu até confiava em deixá-los juntos quando precisava me afastar, porque adquiri muita confiança nele e assim passei a levar alguns lanche a mais que o menino repartia com ele sem problemas algum.

 

Era um rapaz simples, educado, calmo e às vezes conversávamos rápido para não atrapalhar o seu trabalho. Certo dia, percebi uma diferença nele. Estava mais sério, parecia triste e então lhe perguntei se estava tudo bem com ele.

 

Falou que sim e continuou seu trabalho, mas nesse dia nem quis o lanche que o menino lhe deu. Mais tarde voltei a insistir na pergunta que fizera e e ele me deu a mesma resposta, que estava tudo bem sim.

 

 Percebendo sua tristeza, lhe perguntei:

 

- Eu posso te dar um abraço?

 

Ele me respondeu cabisbaixo:

 

- Não,  Dona... Minha roupa está toda suja..

 

- A Minha também. Acabou de cair um sorvete em cima de mim...

 

Ele aceitou o abraço com espontaneidade e muita ternura e entre lágrimas me falou que naquele dia estava completando dois anos que ele e a  única irmã sofreram um acidente na estrada e ela tinha morrido e que eu me parecia muito com ela.

 

Foi um terno e silencioso abraço, onde cada um, numa fração de segundo, viajou para o seu interior e a seu modo, com o seu amor interno, pode resgatar momentos inesquecíveis de irreparáveis ausências

 
 
 

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